Lançado em março deste ano, o Programa de Cofinanciamento Estadual na Atenção Especializada às Pessoas com Doença Renal Crônica já beneficiou 263 pacientes renais crônicos. Com este programa, o Governo do Estado está fazendo um incremento de 25% no valor repassado às clínicas de hemodiálise.
O valor por sessão de hemodiálise repassado pelo SUS às clínicas é de R$ 218,47. Com o incremento do Estado, o valor passa a ser de R$ 273,08. Há também um incentivo financeiro, com incremento de 25% no valor, para a confecção de fístula arterio-venosa para hemodiálise, que é a ligação entre uma veia e uma artéria, feita para criar um acesso por onde será realizada a hemodiálise.
Os 263 pacientes puderam passar a fazer a hemodiálise ambulatorialmente, sem a necessidade de ficarem internados apenas para o procedimento. A coordenadora da Comissão Estadual de Nefrologia, a médica Danusa Pamplona, explica que antes de começarem o tratamento em clínicas, estes pacientes necessitavam ficar internados para garantir o tratamento. “Eram pacientes que já estavam estabilizados, sem a necessidade de ficar internados ocupando leitos” afirma.
Roni Deivid Costa foi um dos beneficiados, ele só teve a possibilidade de voltar para casa após iniciar o tratamento de forma ambulatorial. E o surgimento de uma vaga está diretamente ligado ao Programa de Cofinanciamento Estadual na Atenção Especializada às Pessoas com Doença Renal Crônica.
O paciente conta que trabalhava como serralheiro quando descobriu que estava com a função renal comprometida. “Sentia um cansaço além do normal. Os exames passados pela médica estavam com níveis alterados. Meu quadro acabou agravando, busquei uma UPA e acabei tendo que ser internado em uma UTI. Após ter melhorado e com condições de alta, precisei ficar cerca de 30 dias internado somente por conta da hemodiálise”, disse Roni.
Ele comemorou quando pode ir para casa e continuar o seu tratamento ambulatorialmente. “Poder ir para casa depois da hemodiálise faz toda diferença. Mesmo com o bom atendimento que tive enquanto estava internado, o melhor é estar em casa com minha família. Tenho todo apoio de minha esposa e de minha filha” relata.
A Secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, aponta que o programa tem impacto direto na regulação. “O investimento que estamos fazendo reflete no sistema estadual de regulação. Conseguimos liberar 227 vagas em hospitais. Para se ter uma ideia, são três vezes o total de vagas do Hospital Regional Piemonte do Paraguaçu. Mais importante que isso é poder estar devolvendo a possibilidade de cada um deles poder retornar para suas casas, estar junto das suas famílias, recebendo o apoio diariamente, sem ter que ficar dentro de um hospital” afirma Roberta Santana.
Para o presidente da Associação Renal Bahia, José Vasconcelos de Freitas, que é transplantado do rim, o Programa de Cofinanciamento Estadual na Atenção Especializada às Pessoas com Doença Renal Crônica reduz o sofrimento de muitas famílias. “A associação vê com bons olhos a iniciativa. Eu acredito que com isso vamos vencer mais uma dificuldade. Sem esse financiamento, seria impossível, os pacientes encontrariam as portas fechadas”, declara Vasconcelos.
Clínicas ganham impulso
O SUS é o responsável pelo financiamento de cerca de 90% dos tratamentos de pacientes em terapia renal substitutiva (TRS) no país. Estes tratamentos são oferecidos em grande parte por clínicas provadas credenciadas. De acordo com Maurício Cerqueira, vice-presidente regional da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), o programa do Governo do Estado é um movimento bem-vindo. “É um olhar muito sensível para os pacientes em hemodiálise” afirma.
Ele explica que o incremento no recurso foi fundamental para manutenção do funcionamento e expansão de vagas em diversas clínicas. “Os nossos custos aumentaram. Para mantermos a qualidade da assistência precisamos sempre estar investindo na manutenção das máquinas e na qualificação dos profissionais. Não conseguiríamos ofertar novas vagas sem um maior aporte”, garante Maurício Cerqueira.
Acesso ao tratamento
Responsável por avaliar e autorizar a inclusão de pacientes em unidades de hemodiálise, a Comissão Estadual de Nefrologia trabalha para garantir que todos os pacientes tenham as mesmas condições de acesso ao tratamento renal substitutivo. Para que o paciente seja direcionado para um serviço de saúde que tenha o recurso, a unidade hospitalar onde ele encontra-se internado deverá encaminhar a solicitação pelo SISNEFRO, que é o sistema utilizado pela comissão para reunir todas as informações de pacientes e unidades executoras.
“Para aqueles pacientes que não estão internados, a solicitação deve ser feita através da secretaria municipal de saúde de onde ele reside”, esclarece a coordenadora da Comissão Estadual de Nefrologia, a médica Danusa Pamplona.
Fonte: Ascom/Sesab